O Candomblé para mim deixou de ser apenas uma religião para se tornar um estilo de vida.

"Huntó Douglas D' Odé"

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Série "Ifá, obá awò aiyè" - Odús - Parte 06

Òkáràn Mèjí

Òbátàlá fez o homem que era a sua própria imagem e o chamou de Iselé. Em razão de Iselé viver muito só, sentiu necessidade de uma companheira para poder procriar. Procurou então Òbátàlá e narrou o seu pedido. Òbátàlá comovido chamou um Eborá dos mais puros e pediu que ajudasse Iselé naquilo que precisasse o Eborá. O Eborá ao tomar conhecimento dos fatos não aceitou a determinação de Òbátàlá, revoltando-se. Òbátàlá então mediante a insubordinação do Eborá fez com que ele descesse para Terra, arrastando consigo todos os pecados. No interior da Terra o Eborá encontrou uma pedra vermelha e alimentou-se com um acaçá vermelho. Dali nasceu o Odú Òkárán, parido em conseqüência da revolta, desobediência e insubordinação.

Ejiokô Mèjí
 
Em dificuldades na manutenção do equilíbrio entre o Órún e o Aiyê, em razão da sucessão de mentiras e falsidades que acabaram entrando em choque com a honestidade e firmeza de caráter de outros seres, tendo em conseqüência uma série de desavenças, guerras e até mesmo pequenos conflitos que passaram a ameaçar não só a paz e a harmonia dos dois mundos, mas também a própria existência do mundo material. Resolveu então Olodumarê consultar seu irmão e grande amigo, Bàbá OrúnMilá Ifá, que o aconselhou a arriar uma oferenda na beira de um rio de água limpa, sobre um pedaço de pano branco, onde deveria colocar um acaçá vermelho para o Odú Osê e um acaçá branco para o Odú Ejionilê, duas cabaças com água no meio e duas lanças de ferro. Assim fez Olodumarê e no outro dia ao retornar ao local da oferenda, encontrou um jovem garboso que dizia chamar-se Odú Ejiokô, tendo sido enviado por Olorun. O deus da criação para destruir o mal que afligia a terra, destruindo os falsos e mentirosos. Este Odú diz ter sido, portanto gerado por Osê e Ejionilê não trazendo consigo qualquer espécie de pecado.

 
Etaogundá Mèjí

Foi fecundado na areia da praia, com um pano branco, 03 chaves de ferro, 03 acaçás brancos, 03 acaçás vermelhos, 03 pedras de minério de ferro, 03 peixes corvina, 03 cavalos marinhos, 03 cocos secos e 03 cabaças. O seu surgimento simboliza a abertura dos caminhos exerce nos seres humanos grandes influências nos rins, pernas e braços. Sendo Etaogundá gerado sem pecado.

Iyorossun Mèjí

Obatalá chamou por mais uma vez Iselé e mandou que raspasse uma madeira de cor vermelha para extrair um pó de nome Ossun. Determinou que cravasse em um brejo 04 lanças de madeira, amarrada na ponta de cada lança uma cabaça e colocasse no interior de cada uma das cabaças um pouco daquele pó, 04 pedaços de pano vermelho e 04 argolas de cobre. Deste fato nasceu o Odú Iyorossun, sendo fecundado sem pecado. Do odú Iyorossun, surgiu nana Ibain, a primeira Iyabá.

Osê Mèjí

Osê foi gerado de 05 espelhos e um pano bem branco na beira do rio. Foi concebido sem pecado original.

Obará Mèjí

Nasceu da união dos Odús Ejilaseborá e Osê. Em uma confusão entre os dois Odús, em um momento dos dois Odú jogaram um contra o outro uma barra de ouro que se transformou em uma abóbora que quando dói aberta sai uma luz se transformando em Obará. Sendo Obará concebido sem pecado.

Odí Mèjí

Foi fecundado com farofa de água, metal branco, metal amarelo, imã, 07 guizos dourados e pedra de minério. Representa dores e embaraços.

Ejionilê Mèjí

Iselé recebeu de Olodumarê a ordem de no alto de um morro gramado, aos pés de uma palmeira, colocar uma grande cabaça aberta, com 08 acaçás brancos, 08 búzios e sacrificar dentro da cabaça um animal de 04 patas branco. Dessa oferenda foi fecundado o Odú Ejionilê e de sua fecundação nasceu Kinaman, seu empregado fiel que sempre o acompanha.

Ossá Mèjí

Ilakun (Rainha do mar) consultou seu marido Obá Olokun (Rei no mar), dizendo que estava necessitada de um guerreiro para chefiar o exército marítimo. O Rei então procurou Olodumarê para se aconselhar a respeito, tendo o mesmo lhe dito que o melhor seria construir um guerreiro com todas as qualidades desejadas, disse para o rei colocar um pano azul, uma pano vermelho, uma estrela do mar, 09 barras de ferro e 09 acaçás de leite de coco doce na beira do mar, assim fez Obá Olokun. Naquela madrugada então foi fecundado um príncipe que surgiu armado com 09 lanças, cavalgando um enorme cavalo marinho dizendo chamar-se Odú Ossá Mèjí e nasceu com toda autoridade de um chefe de exército, sendo Ossá concebido sem pecado algum.

Ogiofun Mèjí
Olorun chamou Iselé para falar da necessidade da criação de um Odú que trouxesse paz e equilíbrio a terra. Mandou então Iselé pegar um efun e raspar sobre uma peça de prata numa folha de capeba junto com um pedaço de cristal de rocha e que misturasse tudo com orvalho e neblina, colocando a mistura sobre um monte de areia no alto de um morro. No outro dia ao raiar do Sol, surgiu o Odú Ogiofun, gerado puro e sem pecados, trazendo com eles Osalufan e Oduduwá.

Owarin Mèjí 
Olodumarê precisava de um empregado. Depois de tanto procurar e não encontrar resolveu gerá-lo para dispor de seus serviços, em uma encruzilhada aberta, colocou pedaços de panos preto, vermelho e branco e sobre os panos colocou: 11 cabacinhas abertas cheia de mel e uma corrente de ferro com 11 elos, uma garrafa de cachaça e 11 búzios abertos. No dia seguinte surgiu o Odú Owarin e concebido sem pecado.

Ejilaseborá Mèjí

o reio de Oyó se achava em péssimas condições. As intempéries da natureza fustigavam o local trazendo pânico aos seus habitantes. Um dos Obás de Sangô, resolveu procurar um Babalawô. Este, consultando, narrou ao Obá que a ira de Olodumarê castigava aquele reinado e que havia necessidade de fazer oferendas, voltando ao reino, O Obá falou com os outros Obás e estes por sua vez resolveram fazer a tal oferenda, acenderam uma enorme fogueira e próximo a ela colocaram uma gamela de madeira com: 12 quiabos 12 pedrinhas brancas, um par de chifres de carneiro, 12 argolas de cobre, 12 xerés, 12 oxês, 12 imãs, 12 favas de alibé, tudo sobre 12 punhados de areia do mar. No dia seguinte, quando a fogueira se apagou, surgiu um belo príncipe que ao ser indagado disse chamar-se Ejilaseborá, sendo concebido sem pecado.

Ogiolabon Mèjí

Uma Ìyámìn habitante de uma lagoa de água doce, sentindo-se muito só, viu a necessidade de criar para si uma companhia. Sobre uma pedra no meio da lagoa, forrou um pano azul e um pano vermelho, sobre os panos colocou uma panela de barro, 13 cabacinhas, 13 argolas de cobre, um obi, um orobô, 13 bandeirolas brancas, 13 eguidis, 13 ikós, 13 vinténs de cobre e 13 ímãs, cobrindo tudo com palha da costa. No amanhecer do outro dia, coberto pelos primeiros raios de Sol, surgiu um ser trazendo em suas mãos uma foice de metal e disse se chamar Odú Ogiolabon, filho de Ìyámìn Ajé em conseqüência trouxe consigo Ajé, o que o tornava perigoso mensageiro das calamidades da morte, sendo concebido sem pecado.

Iká Mèjí

A fecundação histórica desse Odú diz que seu aparecimento foi para destruir Iselé, ele significa a destruição do homem ou sua ascensão. Iselé achou-se muito importante perante ÒrúnMilá, motivo pelo qual foi destruído por Iká. Sendo Iká concebido sem pecado.

Obeogundá Mèjí

Este Odú é feminino, foi gerado de acaçás brancos e amarelos, próximo de uma montanha de minério de ferro, Veio pôr fim a uma guerra entre irmãos. Sendo ele concebido sem pecado.

Alafioná Mèjí

Alafionã significa a parte positiva de cada Odú, quando se faz uma súplica à ÒrúnMilá, quer dizer que se está fazendo pedido a uma força superior. Este Odú foi gerado sem pecados.

Por: Huntó Douglas D' Odé

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