O Candomblé para mim deixou de ser apenas uma religião para se tornar um estilo de vida.

"Huntó Douglas D' Odé"

sexta-feira, 16 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte X - Encerramento

África, o país onde nasceu o Candomblé;

África, um povo de fé;

África, um povo de esperança;

África, um povo simples;

África, o berço do Candomblé;

África, a realeza negra que desembarcou na Bahia e implantou o Candomblé em um país Católico.

É fácil ser de Candomblé, é fácil viver no Candomblé quando não se luta por um Candomblé melhor. É muito fácil ser de uma religião aonde pessoas viveram e morreram em prol dela, aonde pessoas lutam pra ter direitos, e você só chega e enche a boca para dizer “EU SOU DE CANDOMBLÉ”, sim é de Candomblé, mas o que você faz para que as crianças de asé não tenham que enfrentar uma sociedade preconceituosa do jeito que tantos enfrentaram e enfrentam. Para ser de Candomblé não basta ir para dentro do barracão nos dias de festa e depois ir para casa achando que a missão está cumprida. Quantas pessoas lutaram e lutam para que hoje você esteja dentro de um barracão fazendo o seu Candomblé e não seja preso pela polícia, para que hoje você esteja em uma cachoeira e não seja apedrejado, para que hoje você ande com roupas oriundas do Candomblé pelas ruas e não seja preso e morto pela Igreja Católica. Veja como essas pessoas trabalharam para que você tenha uma vida melhor dentro da religião que você escolheu para seguir. E aqueles pobres negros que tanto apanharam no tronco, muitas vezes apenas por falarem o nome de seus deuses, hoje você pode gritar na rua o nome do seu Òrísà e todos são obrigados a te respeitar, mas isso não é por você e sim por aqueles que vieram antes de você. As pessoas que hoje não fazem nada de bom para o Candomblé, com certeza não merecem dizer que é de Candomblé.

Eu Huntó Douglas, quero humildemente agradecer a todos os negros que vieram da África e implantaram o Candomblé no nosso país. Eu amo o Candomblé, eu amo ser de Candomblé, eu nasci para o Candomblé, com muito orgulho e honra, eu digo “SOU DE CANDOMBLÉ”. Enquanto Olorun me der um sopro de vida, enquanto Obaluayè me der saúde, enquanto Odé me abençoar, enquanto Ogún me der forças, enquanto nossos os Òrísàs existirem sobre a Terra eu vou lutar por um Candomblé melhor.

Soou a chibata no lombo do negro soou;

Senzala aonde o negro padeceu;

Senzala que o negro jamais esqueceu;

Candomblé é pra quem tem sangue de negro!

Òsóssì Mojubá
Iyansà Iyá Nlá
Bessen aho bo boy
Olorun Modupé

Asé o


Por: Akòwé Ofá Dourado

quinta-feira, 15 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte IX - O Candomblé passa a ser respeitado no Brasil

O Ilè Asé Iyá Nassô Oká é o primeiro Monumento Negro a ser considerado como Patrimônio Histórico do Brasil desde 31 de maio de 1984. O Tombamento foi efetuado em 14 de agosto de 1986 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Brasil, o IPHAN. 
Bàbálawò Ivanir dos Santos
Os anos se passaram e o Candomblé foi tomando força não só pela Bahia, mas sim por todo o país. Atores, Advogados, Médicos, Juízes, Jornalistas, Negros, Brancos, Pardos e todos aqueles que se sentiam a vontade passaram a freqüentar casas de Candomblé e assim o Candomblé começou a ser respeitado por todo território Brasileiro.
Os sacerdotes e sacerdotisas como Iyá Nassò, Mãe Menininha dos Gantois, Tata Fomutinho, Tata Ciriaco de Tumba Junsara e outros terminam suas missões no Aiyè e voltam ao Orún, dando assim lugar a uma nova geração de Sacerdotes para continuarem lutando pelo Candomblé. Essa nova geração de guerreiro do Candomblé consegue com que a Legislação brasileira implante Leis que defendam o Candomblé, leis que amparam os membros do Candomblé contra preconceitos. É criada no Brasil a CCIR, Comissão de Combate a Intolerância Religiosa. Um dos grandes nomes da CCIR é Interlocutor da comissão Bàbálàwò Ivanir dos Santos, que vem lutando ao longo dos anos contra a desigualdade e discriminação, de qualquer gênero, em especial da discriminação religiosa.

Caminha contra Intolerância Religiosa
Em 2008 a CCIR inicia um novo projeto para a união entre os povos das mais diversificadas religiões a “Caminhada contra a intolerância religiosa”. No ano de 2008 com um movimento ainda pequeno a CCIR conseguiu reunir na Avenida Atlântica – RJ uma base de 10.000 pessoas. O movimento tomou força e se repetiu nos anos de 2009, 2010 e 2011, a cada ano duplicando, triplicando a quantidade de pessoas, o movimento vem crescendo, os Candomblecistas vêm tomando consciência que é uma das formas de ser respeitado pela religião que professa. Assim todos começam a vestir sua roupa branca e vem chegando devagar para fazer parte de um dos movimentos que está dando continuidade ao trabalho que começou há séculos pelas mãos de Iyá Nassô.

Mãe Stella D' Òsóssi
Uma ótima safra de pessoas que lutam pelo Candomblé e que amam o que fazem invade não só a Bahia e o Rio de Janeiro, que são os estados que o Candomblé mais perpetuou, mas sim todo o Brasil. Cada um da melhor forma que encontrou leva o Candomblé cada vez mais pra frente, pessoas como: Marcelo Fritz com o jornal “ICAPRA”, Bàbálorisà Wagner D’ Osóssì com o jornal “A voz do Candomblé”, Iyálorisà Regina D’ Osóssì com seu programa de rádio “África e seus mistérios” e com sua rádio online a rádio “Igbá Odé”, Doté Luís D’ Iyansà com seu programa de rádio “Acorda Vodunci” e com os DVD’s de festas de Òrísás, Mãe Stella D’ Osóssì com seus livros “Osóssí o caçador de alegrias, Meu tempo é agora” e outros, Mãe Beata D’ Iyemonjá com seu livro “O caroço do dendê e com a sua campanha que muito contribuiu no SENSO 2011 a campanha “Quem é de Asé diz que é”, Huntó Douglas D’ Odé com o blog “Apejá Omi Onjé Dìdún” e palestras em casas de Candomblé para conscientização sobre o que é Candomblé”, Bàbálorisà Yango D’ Obaluayè com o “Agen Afro”, Bàbálorisà Cido D’ Osún com seu livro “A panela do segredo” e tantas outras pessoas que lutam pelo Candomblé de forma limpa e com força para continuar lutando por uma religião milenar.



Doté Luís D' Iyansà
O Candomblé ainda pode ser muito melhor do que está hoje, basta seus membros se unirem cada vez mais para perpetuação da nossa religião. O candomblé já sofreu uma mudança muito significativa, há séculos quem era de Candomblé era morto na fogueira da Inquisição, hoje quem discrimina uma pessoa por ser de Candomblé responde a processo. Sim, o preconceito contra as religiões de matrizes africanas ainda é muito grande, mas só iremos conseguir acabar de uma vez com o preconceito quando os membros do Candomblé não tiverem mais vergonha de dizer que é de Candomblé, quando os pais ensinarem a seus filhos a falar que é Candomblecista quando perguntado na escola, quando deixarem de dizer que são Católicos só para não serem discriminados. Hoje os Candomblecistas têm o direito de acender uma vela na encruzilhada assegurado por lei. Quantas coisas o Candomblé conseguiu através de uma luta que dura há anos.

O Brasil é um país altamente influenciado pela África, a influência chega a um ponto da África já ter sido homenageada diversas vezes em escolas de samba, a vez mais recente foi em 2007 pela escola Beija Flor de Nilópolis com o enredo “África, do berço real à corte brasiliana” e em 2012 pela escola Vila Isabel com o enredo ” Você semba lá. Que eu sambo cá! O canto livre de Angola”.  


Curtam minha Fan page no Facebook: Akòwé Ofá Dourado

Por: Akòwé Ofá Dourado

quarta-feira, 14 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte VIII - Os tempos mudam e o Candomblé começa a se expandir




Passam os anos e o Candomblé passa a ser mais aceito pela sociedade. O Candomblé começou a crescer por todo litoral baiano. Com a morte de Iyá Nassô começa a disputa entre suas filhas Maria Júlia Figueiredo e Maria Júlia da Conceição pelo trono da Casa Branca. Maria Júlia Figueiredo foi quem ganhou a disputa e sentou no trono da Casa Branca fazendo assim com que sua irmã Maria Júlia da Conceição se afastasse e fundasse o Terreiro dos Gantois. Logo em seguida foi fundado o Ilè Asé Opò Afonjá, e dessa forma foram aparecendo outras casas de Candomblé pela Bahia. Chegaram à Bahia sacerdotes de Dahomé e Angola, com a chegada desses sacerdotes o Candomblé foi tomando mais força, mesmo com o crescimento significativo do Candomblé não deixaram de ser perseguidos pela Igreja.

Os anos passam e chegamos ao ano de 1922, o ano que Maria Escolástica da Conceição Nazaré, Mãe Menininha do Gantois, sentou no trono do Terreiro do Gantois. Os anos se passaram, mas o Candomblé continuava sendo perseguido, porém não mais pela Igreja Católica, pelo menos não visivelmente, mas o Candomblé passou a ser perseguido então pela polícia. Em 1930 Mãe Menininha consegue com que a perseguição da polícia seja menor, mas uma lei de jogos e costumes condicionava a realização dos rituais com a autorização da polícia, além de limitar o horário para término dos cultos às 22h00minhrs. Mãe Menininha foi uma das grandes articuladoras do término das restrições e proibições. “Isso é uma tradição ancestral, doutor” dizia Mãe Menininha ao Delegado. Mãe Menininha abriu as portas do Gantois para brancos, Católicos, e todos aqueles que quisessem visitar o Terreiro, a partir de então o Candomblé deixa de ser uma religião apenas de escravos e seus descendentes. Por meados de 1970 chega ao fim a Lei de Jogos e Costumes, Mãe Menininha modernizou o Candomblé sem deixar que os ritos se transformassem em espetáculo para turistas. Mãe Menininha nunca deixou de assistir um missa, e ela foi quem convenceu os Bispos da Bahia a permitir a entrada de mulheres nas igrejas, inclusive ela, vestida com roupas tradicionais de Candomblé.

É impossível falar sobre a existência milenar do Candomblé, e não falar de Mãe Menininha do Gantois. Grande Sacerdotisa e modernizadora do Candomblé no Brasil. Se hoje o Candomblé já não é mais uma religião de apenas escravos e seus descendente é graças à Mãe Menininha que um dia abriu as portas do Oni Gantois para quem quisesse entrar.


Curtam minha Fan Page no facebook: Akòwé Ofá Dourado

Por: Akòwé Ofá Dourado

terça-feira, 13 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte VII - O fim da escravidão negra: Livres e Pobres

Em 13 de maio de 1888 a Princesa Isabel assina a lei Áurea, lei que acaba com o sofrimento dos negros. Os negros conseguem a tão sonhado liberdade, mas o Brasil não se preocupou em oferecer condições para que os ex-escravos pudessem ser incorporados ao mercado de trabalho. Muitos continuaram nas fazendas trabalhando, porém não mais como escravo e sim como funcionário. Os escravos que permaneceram nas fazendas recebiam do senhor um lote de terra para construírem sua casa e um salário para manter sua família.

Com o fim da escravidão o trabalho nas fazendas não podia parar então o Brasil começou a investir na mão-de-obra européia, já que a grande maioria tinha preconceito com os negros africanos. Grande parte dos negros foi para quilombos. O fim da escravidão representou também a liberdade de culto dos negros, o Candomblé deixou de ser perseguido pela coroa portuguesa, porém ainda continuou sendo perseguido pela Igreja Católica através da Inquisição.

Os negros que acabaram se convertendo a religião Católica podiam entrar em qualquer igreja, e não só na Igreja dos escravos, os negros que praticavam os seus cultos continuaram a ser chamados de discípulos do Diabo e queimados na fogueira. Com o fim da escravidão negros e brancos andando juntos, alguns brancos passam a cultuar os òrísàs junto aos escravos.


Curtam minha Fan Page no Facebook: Akòwé Ofá Dourado

Por: Akòwé Ofá Dourado

segunda-feira, 12 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte VI - A Inquisição


A Igreja Católica sentiu-se ameaçada por uma série de críticas feitas a seus dogmas, implantou então o sistema de Inquisição, na Europa, como o Brasil era uma colônia de Portugal, foi implantado no Brasil também o sistema de Inquisição.

A Inquisição foi uma forma que a Igreja Católica encontrou para punir todos aqueles que criticassem ou fossem contra os seus conceitos e normas. Para a Igreja bastava uma pessoa falar “Não concordo com a Igreja” e essa pessoa estaria destinada a morrer queimada na fogueira. Com o tempo a Inquisição foi mudando também as suas normas, os padres tinha total liberdade para destinar quem seria ou não morto na fogueira. A Igreja Católica decidiu que todos aqueles que tivessem manchas ou marcas de nascença eram bruxos, portanto deveriam morrer queimados, e assim foi feito. Muitos escravos também foram mortos nas fogueiras, pessoas que praticavam as culturas de matrizes africanas e eram presas pela Igreja, também eram mortas na fogueira.

No período de Inquisição, que foi quando a Igreja Católica tomou mais força no Brasil, os negros eram proibidos de entrar na Igreja, tudo porque a Igreja dizia que os negros eram menos gente do que os brancos. Foi fundada então no Rio de Janeiro a Igreja dos Escravos, Igreja que existe até os dias de hoje. Essa Igreja foi fundada para os escravos poderem entrar, já que eram obrigados a serem Católicos. 

Por: Akòwé Ofá Dourado

sexta-feira, 9 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte V - A realeza negra desembarca na Bahia

O grupo liderado pela princesa Iyá Nassô Oyo Akalagmabo foi capturado no reino de Ketú e trazido para o Brasil nas condições de escravo. No Brasil o grupo se libertou da escravidão, devido ter descoberto que Iyá Nassô se tratava de uma princesa e o exército de Ketú estava a caminho da Bahia para libertá-la. O grupo de Iyá Nassò partiu para um lugar deserto na época, que foi aonde Iyá Nassô fundou na roça da Barroquina o Ilè Asé Iyá Nassô Oká ou Casa Branca do Engenho Velho, chegando então oficialmente ao Brasil o Candomblé. A Casa Branca do Engenho Velho foi a primeira casa de Candomblé a ser fundada no Brasil, hoje estimasse que o templo tenha mais ou menos 400 anos de existência.

O Ilè Asé Iyá Nasso Oká foi perseguido durante anos pelos guardas das fazendas de senhores de engenho e guardas que vieram de Portugal exclusivamente para combater a nova religião que havia sido implantada no Brasil. Além de ser perseguido pela Coroa Portuguesa, o Candomblé foi perseguido durante anos pela Igreja Católica, que afirmava que o Candomblé era uma religião onde era cultuado o Diabo.

Iyá Nassô junto com o seu grupo que fundou a Irmandade da Boa Morte ainda na África achou outro espaço para implantar no Brasil também a Irmandade da Boa Morte.  Ainda com seu grupo Iyá Nassô e todos seus descendentes espirituais lutaram contra todos os obstáculos postos para a perpetuação do Candomblé. 

Por: Akòwé Ofá Dourado

Aviso: Próxima publicação dia 12/03/12 (Segunda-feira)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte IV - Os reinos africanos

A antiga África era dividida em reinos, eis aqui os mais famosos reinos da África:

Reino de Ketú -> Localizado na República do Benin, o Reino de Ketú é um local histórico e misterioso. Uma das cidades mais antigas dos povos de língua Iyorubá. Local de fundação da Irmandade da Boa Morte. Reino de Osóssí, onde ele ficou conhecido como Osótokansòsò. Grande parte dos habitantes do Reino de Ketú foram vendidos como escravos, durante várias invasões, quando guerrearam com os povos Fon e perderam a batalha.




Reino de Dahomé -> Reino africano situado aonde agora é o Benin. O reino foi fundado no século XVII e durou até o ano de 1901, quando foi conquistado por invasores franceses, e implantadas colônias da França. Cidade onde o Vodun Dan Bessen nasceu e reinou por anos, junto com toda sua família. Abomei era a capital de Dahomé, Fon a língua falada e Ganiehéssu foi seu primeiro rei. 



Reino de Oyó - > Reino da África Ocidental, Oyó ficava situado aonde se localiza a atual Nigéria Ocidental. Fundado no século XV, Oranyan foi o primeiro a reinar em Oyó, foi sucedido por Dàdá Ajaká, que passou o trono a seu irmão Sangò, e ficou reinando em uma pequena cidade dentro do Reino de Oyó. O Reino de Oyó foi o reino que mais cresceu na África antiga, sendo assim foi se expandindo para todos os lados, tomando os reinos menores. Oyó sofreu derrotas militares nas mãos dos Nupes, por volta de 1535, Os Nupes ocuparam Oyó. A chave para reconquista do reino de Oyó seria fortes militares e um bom governo, Obá Ofinran conseguiu recuperar o reino das mãos dos Nupes.

Reino de Osun -> Reino de Osun não significa que é do Òrísá Osún. Osun sem o acento gráfico na letra U indica o estado Osun. Localizado no Sudoeste da Nigéria, sua capital é Osogbo. O nome do estado é derivado do rio Osún. É um reino que não se acabou com o tempo existe até os dias de hoje, passou por um processo de modernização, e é governado por Olagunsoye Oyinlola, que foi eleito em 2003. Em 2005, o reino Osun foi declarado um patrimônio cultural.

Por: Akòwé Ofá Dourado

quarta-feira, 7 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte III - Os Quilombos

A palavra "Quilombo" tem origem nos termos "kilombo" (Quimbundo) ou "ochilombo" (Umbundo), presente também em outras línguas faladas ainda hoje por diversos povos Bantus que habitam a região de Angola, na África Ocidental. Originalmente, designava apenas um lugar de pouso utilizado por populações nômades ou em deslocamento; posteriormente passou a designar também as paragens e acampamentos das caravanas que faziam o comércio de cera, escravos e outros itens cobiçados pelos colonizadores.
Foi no Brasil que o termo "quilombo" ganhou o sentido de comunidades autônomas de escravos fugitivos.

Os escravos negros reagiam de 
diversas formas contra a situação a que estavam submetidos. Contudo, os quilombos representaram a mais importante forma de resistência dos negros. Os quilombos eram mais que um simples refúgio para escravos. Possuía toda uma organização, um quilombo representava ainda a liberdade de culto para os escravos, ou seja, nos quilombos não eram proibidos de praticarem suas danças e seus ritos aos Òrísàs. De todos os quilombos, o mais conhecido foi o Quilombo de Palmares, que, por mais de sessenta anos, resistiu aos ataques de homens armados organizados pelos europeus.

O Quilombo dos Palmares localizava-se na então capitania de Pernambuco, na serra da Barriga, região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas.
Conheceu o seu auge na segunda metade do século XVII, constituindo-se no mais emblemático dos quilombos formados no período colonial. Transformou-se no moderno símbolo da resistência do africano à escravatura, ainda que, paradoxalmente, tenha-se conhecimento do uso de escravos em muitos quilombos.

Por: Akòwé Ofá Dourado

terça-feira, 6 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte II - A escravidão negra, uma longa e triste história

Os negros africanos não começaram a serem escravizados a partir do século XV quando aconteceu o primeiro contato dos europeus com o continente africano. Na África antiga os negros se escravizavam entre si, por exemplo, em uma guerra entre dois reinos distintos era comum que o reino derrotado fosse escravizado pelo reino vencedor. A África era considerada pelos europeus como uma grande reserva de mão-de-obra.

Nos séculos XVII/XVIII os principais pontos de abastecimentos de escravos era o Senegal, Gâmbia a Costa do Ouro e a Costa dos Escravos. A Nigéria, Angola e o Congo vieram a ser pontos de abastecimentos de escravos no século XVIII/XIX.

Com a descoberta do Brasil e com a implantação do sistema de Capitanias Hereditárias, os portugueses voltam à África para trazerem mão-de-obra escrava para trabalhar na nova terra descoberta. Com armas de fogo, os portugueses atacavam aldeias e capturavam homens, mulheres e crianças. Alguns grandes reinos da África começaram a ajudar os portugueses na captura de negros, sendo assim os portugueses davam a esses reinos total segurança para que não fossem escravizados.

Após serem marcados com um ferro em brasa nos braços, nas pernas ou no peito, eram acorrentados e amontoados nos porões dos navios, conhecidos como tumbeiros, uma referência à tumba, já que vinham deitados. Muitos não resistiam à viagem, que chegava há durar quatro meses.

Os escravos eram chamados pelos seus capturadores como “peças”, seu preço variava de acordo com a condição física, idade, sexo e peso. Depois de comprados como mercadorias em armazém, os negros eram levados para as fazendas, onde aguardavam um trabalho exaustivo, maus-tratos e punições quando preciso. O senhor, dono absoluto do escravo, fazia dele o que bem entendesse. Os negros eram vigiados pelo Feitor, que eram mestiços, geralmente filhos do senhor de engenho com uma escrava.

A religião predominante no Centro-Sul do continente Africano era o Candomblé, onde todos os habitantes cultuavam os Òrísàs na mais pura natureza. Chegando ao Brasil, os negros africanos foram impedidos pelos senhores de engenho de cultuarem seus Deuses africanos, já que o Brasil foi colonizado por portugueses, se transformou em um país católico. Sendo assim, os africanos foram obrigados a se converterem a religião católica. Os africanos começaram então a fazer buracos na terra e enterrar os assentamentos de seus Òrísás e, em cima de cada assentamento colocavam um santo da igreja católica. Nascendo desse fato o sincretismo dos Deuses africanos com os santos da igreja, onde dizem que Nossa Senhora Aparecida é Osún, Santa Bárbara é Iyansà, São Sebastião é Osóssí, São Jorge é Ogún e assim por diante.

Por: Akòwé Ofá Dourado

segunda-feira, 5 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte I - O continente africano

O Continente africano limita-se ao Norte pelo Mar Mediterrâneo, ao Oeste pelo Oceano Atlântico e ao Leste pelo Oceano Índico. De uma maneira simplificada podemos dividi-lo em duas zonas absolutamente distintas: o centro-norte é dominado pelo imenso deserto do Saara (8.600.000 de km2), enquanto que o centro-sul, depois de percorrerem-se as savanas, é ocupado pela floresta tropical africana.

Continente africano divide-se em duas partes, ficando ao Norte os Árabes e Egípcios. No Centro-Sul ao contrário do Norte ocupam 800 etnias negras africanas.

Países que fazem parte do continente africano: Angola, Argélia, Botsuana, Camarões, Lesoto, Madagascar, Malawi, Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia, Zimbábue, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Chade, Congo, Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, São Tomé e Príncipe, Togo,  Egito, Líbia, Marrocos, Saara Ocidental, Sudão, Sudão do Sul, Tunísia, Burundi, Djibuti, Eritreia, Etiópia, Quênia, Ruanda, Seychelles, Somália, Tanzânia, e Uganda.

Por: Akòwé Ofá Dourado

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Volta aos trabalhos no blog

Os mares ecoam;

Os ventos sopram sobre a terra;

Os vulcões entram erupção;

Cai a tempestade;

As águas vão abrindo a cidade;

Quem está sentado se levanta;

Quem está de pé, abaixa a cabeça;

Quem está em casa abre a janela;

Quem está na rua, corre para multidão;

Os atabaques soam;

As luzes se acendem;

Todos se preparam para ver Huntó Douglas D’ Odé/ Akòwé Ofá Dourado voltando aos trabalhos no blog Apejá Omi Onjé Dìdún.

- Com a força das ventanias, com a clareza das águas, com a irreverência do fogo e com as bênçãos das matas, estou de volta com força total para mais um ano levando conhecimentos oriundos da religião de matriz africana a todos os meus seguidores.


Por: Huntó Douglas D' Odé