O Candomblé para mim deixou de ser apenas uma religião para se tornar um estilo de vida.

"Huntó Douglas D' Odé"

quinta-feira, 15 de março de 2012

Estudo "África, o berço do Candomblé" - Parte IX - O Candomblé passa a ser respeitado no Brasil

O Ilè Asé Iyá Nassô Oká é o primeiro Monumento Negro a ser considerado como Patrimônio Histórico do Brasil desde 31 de maio de 1984. O Tombamento foi efetuado em 14 de agosto de 1986 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Brasil, o IPHAN. 
Bàbálawò Ivanir dos Santos
Os anos se passaram e o Candomblé foi tomando força não só pela Bahia, mas sim por todo o país. Atores, Advogados, Médicos, Juízes, Jornalistas, Negros, Brancos, Pardos e todos aqueles que se sentiam a vontade passaram a freqüentar casas de Candomblé e assim o Candomblé começou a ser respeitado por todo território Brasileiro.
Os sacerdotes e sacerdotisas como Iyá Nassò, Mãe Menininha dos Gantois, Tata Fomutinho, Tata Ciriaco de Tumba Junsara e outros terminam suas missões no Aiyè e voltam ao Orún, dando assim lugar a uma nova geração de Sacerdotes para continuarem lutando pelo Candomblé. Essa nova geração de guerreiro do Candomblé consegue com que a Legislação brasileira implante Leis que defendam o Candomblé, leis que amparam os membros do Candomblé contra preconceitos. É criada no Brasil a CCIR, Comissão de Combate a Intolerância Religiosa. Um dos grandes nomes da CCIR é Interlocutor da comissão Bàbálàwò Ivanir dos Santos, que vem lutando ao longo dos anos contra a desigualdade e discriminação, de qualquer gênero, em especial da discriminação religiosa.

Caminha contra Intolerância Religiosa
Em 2008 a CCIR inicia um novo projeto para a união entre os povos das mais diversificadas religiões a “Caminhada contra a intolerância religiosa”. No ano de 2008 com um movimento ainda pequeno a CCIR conseguiu reunir na Avenida Atlântica – RJ uma base de 10.000 pessoas. O movimento tomou força e se repetiu nos anos de 2009, 2010 e 2011, a cada ano duplicando, triplicando a quantidade de pessoas, o movimento vem crescendo, os Candomblecistas vêm tomando consciência que é uma das formas de ser respeitado pela religião que professa. Assim todos começam a vestir sua roupa branca e vem chegando devagar para fazer parte de um dos movimentos que está dando continuidade ao trabalho que começou há séculos pelas mãos de Iyá Nassô.

Mãe Stella D' Òsóssi
Uma ótima safra de pessoas que lutam pelo Candomblé e que amam o que fazem invade não só a Bahia e o Rio de Janeiro, que são os estados que o Candomblé mais perpetuou, mas sim todo o Brasil. Cada um da melhor forma que encontrou leva o Candomblé cada vez mais pra frente, pessoas como: Marcelo Fritz com o jornal “ICAPRA”, Bàbálorisà Wagner D’ Osóssì com o jornal “A voz do Candomblé”, Iyálorisà Regina D’ Osóssì com seu programa de rádio “África e seus mistérios” e com sua rádio online a rádio “Igbá Odé”, Doté Luís D’ Iyansà com seu programa de rádio “Acorda Vodunci” e com os DVD’s de festas de Òrísás, Mãe Stella D’ Osóssì com seus livros “Osóssí o caçador de alegrias, Meu tempo é agora” e outros, Mãe Beata D’ Iyemonjá com seu livro “O caroço do dendê e com a sua campanha que muito contribuiu no SENSO 2011 a campanha “Quem é de Asé diz que é”, Huntó Douglas D’ Odé com o blog “Apejá Omi Onjé Dìdún” e palestras em casas de Candomblé para conscientização sobre o que é Candomblé”, Bàbálorisà Yango D’ Obaluayè com o “Agen Afro”, Bàbálorisà Cido D’ Osún com seu livro “A panela do segredo” e tantas outras pessoas que lutam pelo Candomblé de forma limpa e com força para continuar lutando por uma religião milenar.



Doté Luís D' Iyansà
O Candomblé ainda pode ser muito melhor do que está hoje, basta seus membros se unirem cada vez mais para perpetuação da nossa religião. O candomblé já sofreu uma mudança muito significativa, há séculos quem era de Candomblé era morto na fogueira da Inquisição, hoje quem discrimina uma pessoa por ser de Candomblé responde a processo. Sim, o preconceito contra as religiões de matrizes africanas ainda é muito grande, mas só iremos conseguir acabar de uma vez com o preconceito quando os membros do Candomblé não tiverem mais vergonha de dizer que é de Candomblé, quando os pais ensinarem a seus filhos a falar que é Candomblecista quando perguntado na escola, quando deixarem de dizer que são Católicos só para não serem discriminados. Hoje os Candomblecistas têm o direito de acender uma vela na encruzilhada assegurado por lei. Quantas coisas o Candomblé conseguiu através de uma luta que dura há anos.

O Brasil é um país altamente influenciado pela África, a influência chega a um ponto da África já ter sido homenageada diversas vezes em escolas de samba, a vez mais recente foi em 2007 pela escola Beija Flor de Nilópolis com o enredo “África, do berço real à corte brasiliana” e em 2012 pela escola Vila Isabel com o enredo ” Você semba lá. Que eu sambo cá! O canto livre de Angola”.  


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Por: Akòwé Ofá Dourado

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